A HORA MORTA

17:45

O alarme do celular dispara

fazendo-me retornar à vida

da qual me exilei do tempo

no cochilo roteiro da tarde

Retorno do mundo das trevas

dos sonos sem sonhos

onde nada acontece ou me lembro

como se dezenas de minutos

fossem de mim usurpados

com a mesma memória que tinha

quando adormeci uma hora atrás

Jamais sonhei nos cochilos dados

talvez porque uma hora seja pouco

para me afastar da realidade

e mergulhar no oceano das quimeras

no qual os sonhos são moldados

no arquitetar onírico das almas

Quantos degraus preciso descer

até chegar aonde acordado nunca chego

e me encontrar com meus desejos mudos

na surdez dos tímpanos anestesiados

e voar com as asas insonoras de Morfeu

rasgando o véu da fronteira próxima

que me separa do meu eu alucinado?

Quando sonho

sou quem realmente sou

Quando não sonho

sou uma falsificação de quem sou

17:45

O alarme do celular dispara

Na hora cochilada

o corpo descansou

e alma se desperdiçou

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 28/04/2024
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