Não me ames

Não me ames

Porque sou frágil

e deliro.

O amor ,

ah, essa conveniência

excêntrica

destinada aos jovens

e aos abastados!

Decerto que minhas orilhas esmeradas

te encantam,

mas importa que saibas

de meu ventre revolto

e não te surpreenda

minha ledice

pelas folhas secas.

Não me ames

porque envolta em panos

vim e vi e assim irei

e ouro não há que me

enriqueça

e vinho não há que me

console

ou sexo que me satisfaça.

Meu riso sincero

não voa apaixonado

e quando amo

me instruo em sofrimento.

Mas fita em vez disso

esse vento rutilante

que nos desprende

os dedos e te leva,

deita comigo nessa relva.

Claudia Lidroneta