Hiato

Em brasa viva tal cigarro do maço.

Mais ardente que essa noite de março…

Que um gole seco do seu rum.

Te jogo fora, antes, amasso,

És um poema incompleto no almaço…

Não mereces mais verso nenhum.

Fez-se um hiato,

Essa falta de tato…

De teto, de chão.

Fez-se um hiato,

Essa falta de trato…

De ombro, de mão.

Nossas sílabas separadas por linhas,

Tua alma já não rima com a minha…

Não há hífen que una nossas palavras.

Agora és de outra classe gramatical,

Não há mais concordância verbal…

Se não me querias porque tá tão brava?