Felicidade

Procuro-a nestas paredes nuas

e vou à rua,

às festas,

e às igrejas...

E procuro-a em cada beco,

cada esconderijo...

Procuro-a em meus livros,

em minha vida...

Ela se desfaz

ao toque de minhas mãos,

como se fossem duas víboras...

Seus venenos vêm desta tinta,

correndo em minhas veias...

Desta tinta sanguínea

a sustentar minhas limitações humanas...

Meu verso sanguíneo,

inumano,

é nele que jaz minha vida,

é nele que moram minhas víboras

com seus venenos, mortais...

Por que a tal felicidade

não escreve comigo?

Não posso convidá-la pro café,

ou pra ver o pôr do Sol

a meu lado...

Procuro-a nos sorriso das crianças

e mesmo aí, nem sempre a encontro...

Por que não posso abraçá-la

e pedir pra viver

essa vida comigo?