ECLIPSES
Desejo uma canção muda que escorra
Entre as veias entupidas do meu corpo
Numa arquitetura feita de palavra pouca
Que na superfície de um poema se resolva.
Vejo as horas repetidas em meio às sombras
Dessa tal claridade obscurecida e que ressoa
Nos dias tão de tempestades vindas à tona:
Ocupam pavimentos, campos, lares e pessoas.
Uma nota. Um milagre. Uma melodia solta.
— É o que o poeta pede, tenta, quer e sonha.