Ao Universo

Transitar entre cometas

Entre estrelas e a razão

Ver nascer novos planetas

Ver fulgurar a imensidão

Além de um quarto escuro

Muito além da via maternal

Onde vagueia o futuro

E a jornada não tem um final

Lá onde brincam os deuses

Com as cartas do destino

Saltar a incoerência dos meses

Sob o olhar de um menino

Assaltar a figura do vazio

Esquecendo o que é ilusão

Crer na queimadura do frio

Crer um pouco na redenção

Acima do caos e do medo

Muito acima do que é ideal

Onde o homem pisou em segredo

Entre escorpiões, touros e o mal

Nem Cetus feriria o espaço

Ou satélites devorariam a lua

Nem todo esforço e cansaço

Acabariam o que vemos da rua

Morar junto das nebulosas

Entre a miragem da escuridão

Ter as visões mais fabulosas

Ter o silêncio e toda solidão

Longe dos monstros terrestres

Muito longe de um velho quintal

Para poder beber com os mestres

A estrada de leite universal

Dormir na vastidão do universo

Caminhar entre lendas antigas

Onde a morte seria regresso

E as vidas seriam apenas cantigas

Viver entre flechas e mitos

Sobre o olhar de toda oração

Ser mais do que olhos aflitos

Ser parte, enfim, da criação

João V Zibetti
Enviado por João V Zibetti em 18/05/2024
Código do texto: T8065826
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