NOSSO LUGAR

NOSSO LUGAR

 

Duas belas aves passeavam,

Mas queriam ver chão e mar,

E gorjeavam enquanto voavam,

Sem saber o nome do lugar.

 

Nenhum bicho sabia dar nome,

Pois ninguém foi nascido ali,

E os muros são coisa de homem,

Como as conchas de um sambaqui.

 

Ali todos queriam as benesses,

Pois a estação era de outono,

Se no inverno quem come aquece,

Como ursos e as noites de sono.

 

Mas nosso lugar é no trópico,

E o calor assusta nos verões,

Se no inverno é tudo distópico,

Pois nos faltam até as paixões.

 

Foi assim que fizeram o cinema,

Pois a realidade é tão difícil,

E num filme moldamos as cenas,

Pelos sonhos e não os ofícios.

 

Quem quiser ser só realidade,

Se prepare pra fome e a sede,

Porque o mundo gera a saudade,

Até mesmo do peito e da rede.

 

Então, saibam o que é paraíso,

Com a vivência do colo materno,

Pois o resto é fel ou enguiço,

Senão a jornada para o inferno.

 

Devemos ser bons construtores,

Ligando com pontes as dimensões,

E o alicerce não quer senhores,

Pois nao se vive de tradições.

 

Nós somos iguais entre diferentes,

E não adianta querer sermos donos,

Como sermos nobres ou prepotentes,

Pois o mundo nem sabe quem somos.