VENTANIA

VENTANIA

Ventania, ventania se versifica.

E esta aflição imediatamente se corporifica.

E este verso se esbarra alucinadamente

como ilhas que desabafam em continentes.

Ventania... soletra versos que descem

desabalados pelo mundo alucinadamente

como pedras que se transformam em sementes.

Como operários que se transformam

em dirigentes quando se agita a

consciência e se arrastam as correntes.

Ventania... de versos passou aqui.

Tão bem aprendi tocá-la.

Esta aflição... carregou consigo, mal sabia,

a ilustração que invadia o vazio, impiedosamente,

como rugas se desintegrando e

desfigurando o rosto decadente.

Como círculos que libertam em vertentes.

Remédios que cravam a alegria

na desesperança dos doentes.

Como mãos que enfraquecem as correntes.

Como libertação que decreta o alívio e a lucidez

dos dementes... Esta ventania, esta aflição

carregada por turbulenta planície,

esta formigante base que me resta

como um simples ramo que o mais tardar

explode como floresta.

Ventania... como explicarei esta vertigem de verso e som?

Esta vertigem nascendo devagar, estranhamente,

não se assustando com a gota de sangue em cada dente.

Esta vertigem, esta ventania...

Como explicarei

ventania como pensamentos?

Maravilhosamente começando a pulsar

como pensamentos

que se estendem, que se orquestram

em formas de ventos.

FERNANDO MEDEIROS

Campinas, é janeiro de 2008.