Dias de Outono

Dias de outono

Quem poderia julgar meu medo?

Esse medo de ser feliz,

de me entregar ao que busco,

Sem saber que busco esse fim

... Longe de mim

Minha inocência morreu

Nos primeiros pecados

Eu era apenas uma criança quando te vi assim

Tão longe de mim

Dizendo que apenas os bravos vivem,

Que a solidão é a melhor companheira

Nas noites longas e escuras

Divido com você a vela que ilumina

Essa caverna distante,

Entocada no cume do mais alto monte

Que decora o deserto da minha mente

Poderia eu ser mais que uma sombra?

Poderia eu merecer essa culpa?

Tenho medo, choro, luto, desisto

Sou assim, feito de sonhos e esperanças

Se suas lágrimas secam, eu morro

Mas se morres brotam lágrimas

... De sangue,

Inválido sangue que enxarca o céu

Fazendo assim a lua se banhar em escarlate

Essas gotas de destino,

Essas nuvens do passado

... Quem poderia prevê-las,

Ou mesmo desviar-se delas?

Elas vivem na mente,

Perturbando o amanhã

Não querem me ver livre

Dessa angústia que persiste

Eu poderia abusar da sorte

E viver um sonho novo,

Poderia ter medo da morte

E viver assombrado por essas palavras do passado

Meus olhos sangram

Eu posso facilmente te ver partir

Sua imagem se desfaz

Como as pétalas da rosa que te dei nos primeiros dias

Eu sentiria a dor do adeus

Se amasse assim como choro

E voaria pra bem longe

Se ainda tivesse forças pra sonhar

Ouço os toques do antigo sino

Ele marcou o tempo da despedida

E da vinda desse sentimento

Que apenas brota em suas mãos

Sinto o mesmo medo das noites de frio

Meu mundo, minha confissão

Minhas armas estão ao chão

Decorando esse lugar onde jaz minha alma

Eu provei da inocência e pequei contra os deuses

Eu amei por uma eternidade tão curta

Me vi em retalhos e rascunhos

Que descrevem essa insanidade racional

Eu te quero aqui, longe do físico

Mas próximo da alma, que se desfaz com o tempo

Meu modo de amar, meu modo de me entregar

... Você me teve pra sempre em seus braços

Mas eu sei que nunca dissemos para sempre

Imortal seria mas quem diria

Eternidade ou serenidade

Tão eterno foi que morreu assim

Dentro de mim... foi enterrado em meus sonhos profundos

E desolados, meus mas não seus

Infelizmente, mas real

Soturno e verdadeiro

As flautas tocam essa melodia

Triste e sonolenta

Eterna e mortal

Dança de dezembro, doce dezembro

Minha juventude...meu túmulo

Agora acordo, e sei

Nesses dias de outono

Morri sem chances de voltar à respirar

O seu cheiro, a sua inspiração...