DOR

Quando chegar a solidão noturna

E densa escuridão ocultar meu pranto,

Há de estrugir por mais longínqua furna,

Há de vibrar no espaço, por fim, meu canto.

Então, tu ouvirás, entre a neblina vasta,

No hálito da brisa que beijar teu rosto,

O sussurrar sutil de u’a voz já gasta

Gemendo e suspirando seu mortal desgosto.

Talvez, por piedade, me finjas escutar.

Quem sabe, caridosa, até me venhas dar

Um pouco d’esperança em meio à desgraça ?!

Mas, não ! Reprima tua voz, não venhas enganar-me!

Basta o Destino que está a maltratar-me,

Porque esta dor, tão grande dor, não passa.

mreno
Enviado por mreno em 27/03/2005
Código do texto: T8159