Pistas

(Peço licença à Andiroba para publicar este texto, baseado em seu "O Caderno de Estudar").

As pistas de corrida

Pedra e poeira

Cada vez mais longas

Por onde desfilam meus carrinhos de brinquedo.

Os craques do futebol

Deslizando sobre a mesa

E sobre o gramado do jardim,

Desfolhando árvores,

Amassando as flores da mamãe.

A bola de couro, de borracha ou de plástico,

Até mesmo do fruto do limoeiro, a

Balançar as redes sob o grito de gol.

A pista mais longa,

Na rua, em frente ao portão sempre fechado.

No triciclo, sinto o vento em meu rosto...

Desalinha meus cabelos...

E a sensação de liberdade contagia,

Mesmo que o sangue jorre dos ferimentos após as quedas.

Na pista vertical,

A resina dos "pinus" nas roupas

Após as inúmeras escaladas.

As “bolinhas” do Sinamão

Utilizadas como munição

Nas inocentes batalhas.

O caminhar por sobre as cercas

Desafiando a gravidade.

Na pista da fantasia,

Os programas de TV às escondidas,

Quando mamãe em casa não estava.

O Gibis trocados com os amigos

Fazendo sonhar nas aventuras de super-heróis.

As imensas mansões construídas

Com gravetos no fundo do quintal.

Na grande pista da vida,

Tantos estágios deixados pra trás

Pela criança que cresceu.

Mas no fundo da mente, teima em sobreviver

E subir à tona, sempre que esqueço que sou adulto

E volto a desfrutar das inigualáveis aventuras de criança,

Ao correr com meu filho, chutar em gol, e vibrar com a rede balançando, mais uma vez.

Délcio Mores
Enviado por Délcio Mores em 06/12/2005
Reeditado em 16/02/2006
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