Belém da Saudade

Olhando a chuva através da vitrine

Me sentir em Belém do Pará...

As mangueiras envolvidas num carimbó

Embalado pelo brado da passarada.

A molecada toda ensopada,

No alto das cercaduras

Entre os ônibus da Marambaia

Telégrafo e Pedreira

Pulando no Igarapé das armas.

É de se espantar,

Mas havia moleques lá.

Hoje eu ando no Umarizal,

Na Doca de Souza Franco...

Não há mais o buraco cheiroso

na Almirante wandeckoc;

O Benjamin Constant é um gigante esquecido

E a casa da Dona Francisca,

Na vinte e oito, próximo da Quintino

Já está no passado morto.

Não há mais o galpão da Democrata...

A Phebo é alemã

E as ruas, nas noites sofrem de febre tio Sam.

Tudo está consumado

Já não há criança inventando brincadeiras.

As ruas já não são dos boemios.

A cidade está alongada

Além da dor da saudade, o que mata mesmo

É essa miséria fomentada.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 14/01/2008
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