LÁSTIMA

Num certo dia

Desci à terra

E pude ver

A tamanha

Agonia das almas,

A buscar

A observar,

A verdade,

Qual o tesouro,

O que de mais

Profundo

Que neste

Mundo

Prendesse o homem

Ou o retivesse.

Vi então.

No seu a peito,

No fundo

Do seu coração,

O amor,

A criatura

Que faz parte

Dessa ilusão

Dessa ventura.

E vi também

Os potentados

Que dominavam,

Que se envaideciam,

Do seu poder

De sempre abater

Os mais fracos

E desvalidos

Da sorte...

Enganando-os

De todo jeito,

Com lindas

Promessas

De um dia

Terem o que comer,

De um dia terem

Segurança e saúde,

Para si próprios

E para suas famílias.

Esses potentados

Com o seu valores

Se julgam

Onipotentes,

Valentes,

Heróis da política...

Quando seu poder

Ameaça cair

Se desdobram

Em falar mentiras

Procurando obstruir

A verdade.

Esses políticos

Que se julgam

Onipresentes,

Onipotentes,

Vêem seus valores,

Suas fortunas;

Que são bem altos

Nessa vida,

Caírem de uma vez.

Prestarão contas

Ao Juiz Eterno,

Da sua existência

Nefanda

E cruel ao povão...

Eles que adoravam

O deus dinheiro...

O deus conforto...

Diante da fria dor

Dos seus compatriotas...

E se dobravam...

Ao seu torpe egoísmo.

Fui aos lares

De todos esses

Pseudo benfeitores

Da humanidade,

Do Brasil...

E vi os ricos solares

Desses protegidos

Onde o conforto

É pura matéria,

Está em contraste

Com a infeliz miséria

Do povão desse

Nosso Brasil.

Eu não pude achar

O que vim procurar.

Andando pelo país

Vi tantas mulheres,

Nos seus prazeres...

Muitas jovens

E belas que poderiam

Ser alvas estrelas

De formosura...

No entanto,

São arrastadas

Ao um antro

De perdição...

Algumas fazem isso

Para terem

O que comer...

Outras fazem

Por puro prazer...

É a mais dura vida,

A vida da prostituição...

Sorrindo e cantando

Na noite fria

Da desventura

Essas pobres mulheres,

E também

Pobres donzelas

São fanadas flores

Que sempre emitem

Luz sem fulgores,

É a miséria...

São párias da vida,

São miseráveis,

Deixam o teto

Deixam o lar

Sem um afeto,

O bem maior,

Supremo,

Insuperável

Só encontram

Dores que afrontam

Mágoa insanável,

É incompreendida.

Fui mais à frente

E adentrei

Pelos castelos

Dourados e belos

Dos cassinos

Onde se aninha

O paraíso das diversões,

Ali se amesquinha

A multidão que busca

O gozar, o sorrir,

Para tentar esquecer

Tudo faz padecer,

Julgando crer

Que está para ver

Um paraíso

De amor

Ao som da festa

Que se produz

A meia luz

Todo esse amargor...

Porém vi

Ali a maior dor,

Muito triste pude ver

O que em verdade

É a sociedade;

Só de pensamentos,

Só sentimentos

Trazendo impurezas,

Verdades aniquiladas

Esmagadas

Ensandecidas...

Criaturas

Outrora belas

E puras outrora

No entanto

É agora

Flores sem folhas

Almas impuras

Desiludidas...

Luiz Alberto Simon
Enviado por Luiz Alberto Simon em 07/12/2005
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