TRIGÉSIMO TERCEIRO: O ANO DA CRUCIFICAÇÃO

TRIGÉSIMO TERCEIRO: O ANO DA CRUCIFICAÇÃO

Quando as solas dos pés já estão rachadas

é hora de dar as mãos aos cravos

e as costas ao madeiro

encharcar de sangue

cílios e sobrancelhas

que os fatos não se consumam jamais

e de concreto só há a traição

Quem são meus pais e meus irmãos?

É o ano do fracasso

da temporária derrota, ineficaz

por que choram madalenas

e galos cantam na madrugada?

Há pão e vinho em fartura

acreditamos em milagres

na ressurreição dos corpos

ungidos em essências, enxutos nos sudários

arrastados nos calvários, crucificados nas procissões

...

Cada gólgota de solidão tem seus ladrões

cada via, cada maria

cada costela de adão

Necessário o batismo dos lábios

a via crucis dos colos

conduzindo à perda

ou ao perdão