AO PÔR-DO-SOL

Ao Pôr-do-Sol

Do alto da serra,

o mistério entre as mil e

uma maravilhas do universo,

no centro, o Pôr-do-sol.

No miradouro, entre o arboredo,

morre o silêncio, no ar, o silvo do ramo

quebrado, a sincronia com o zumbido da abelha,

o anúncio da batalha vencida.

Acirrada pelo Pôr-do-Sol, o insecto,

traceja o horizonte íngreme no regresso

à casa fabril.

Longas horas o separam entre

o extase das carícias roubadas das flores e

o ansioso reencontro com os seus, ao som

do folclore.

À Este, uma bola enorme, anuncia a

maravilha do reencontro das cores

na tela celeste, no além inatingível,

obra impossível em mãos humanas.

O mistério solar suaviza a natureza dos répteis,

revigora os espíritos, na fenda da erosão,

iluminando o pico da Tundavala e

descobrindo a sua face tensa

pelas intempéries dos tempos.

Com ela, fica estampada

a concavidade terrena e

agressividade dos homens.

No além, o jogo colorido se espanta,

some vagaroso, flutuando nas águas

dos pantanos e do oceano.

Sem resignação nem oposição,

o mistério entrega-se à desaparição

e dela brota lentamente a noite

mansinha de luar.

Salueira Costa/ 19.01.08