Meu Pólen

Tu falas tanto do vento

Ele nem vem, nem te traz

pra levar esse cheiro

que te dou tão fugaz.

No teu peito, o lenço

que nem o gozo enxugou

ou insípida lágrima

da boca que agora é tua.

Tu falas muito do leito

d'um peito que é desalento

mas, que arde e reflete

no ventre de quem te é nua.

E que limite há de haver

no pleonasmo do que se atrai

mas, que não se trai

onde há razão de ter traído?

Vem repensar esse teu jeito

nos meus braços, no meu meio

e encontrará o resto do gosto

que nem te veio em gôzo.

Vem desaguar o corpo

nos meus espaços, no meu seio

e grudará como pólen na pétala

que eu te abro, inda em chama.

Meu pólen.

Lenita Gonçalves