O que sobrou
Mãos ao vento
Acenando adeus no escuro.
Ninguém nota, ninguém olha
Quando você chora.
“De onde eu vim,
Não há desespero doutor!”
Que me dera ser...
Eu olho pro céu infinito
Sou minúscula
Um nada perdido, consumida
Pelos passos que deixei de andar.
Eu canto o que não sinto
Nesse vasto chão imundo que piso.
E piso pra quê?
Pra morrer... Talvez!
“Não há desespero
Não há dor, não há medo”
Quem me dera ser... dali.
E ver seus olhos negros
Cheios de dúvidas e apelo.
E não há nada onde estou.
De onde eu vim, doutor,
Agora nada restou.
Está tudo assim destruído, em pedaços.
Como eu.
Só se pode, então, viver
E deixar o acaso cuidar do que sobrou.