TEMPO DE DESVÃO

Mornado o renque de estames que conduziu como vagões

minha vida desde o instante que sem pré-consulta vim

aviltar as horas de fados recíprocos e dissonantes,

tenho a sensação de concrescer em linha rumo ao termo;

ao que denoda a passividade que esperei como refúgio

nesta fase anteoutonal cujos medos pulverizam-se em ex-lutas

ao se ter a mescla do não retorno, da fila que impele,

da entrega maciça de perimir , da constatação do ciclo.

É quando a caverna da alma abre o recôndito à mente

e se busca o peremptório lugar no mundo outro

tanto prometido, que por tempos escarnecidos,

surge, chave de um corte inesperado, que se espera

remando em águas furtivas, em posses e desejos

que a cada passo nestes dias, manifestam-se inócuos e frios,

agora com o discernimento a tolher um passado

sonhado, aunado em tentativas da inexistência do amanhã.

É quando temos o tempo fora das nossas amarras,

flutuando em torno, como sombras, desvaneando

amanheceres longe do que denominamos chão.

SÍTIO DE POESIA

alfredorosssetti.com

2005

www.alfredorossetti.com.br