NINFA VALERE

NINFA VALERE

Eis as minhas mãos,

leva-me ao paraíso,

Ninfa Valere,

a coroada de rosas!

Leva-me ainda esta noite,

Ninfa Rosamonde,

Rosabella,

Rosabel,

Rosalia,

Rosalenda!

Reza a lenda...

Eu, peregrino,

a lua como testemunha -

esplendorosamente branca.

Leva-me, Ninfa Valere!

até o Vale dos Sonhos,

faça-me conhecer os silêncios, os milagres,

as fantasias, as alegrias, os segredos, as furtivas lágrimas

dos verdes-mares, doce Nereida!

A chuva de estrelas a desabar

do firmamento,

o brilho da Vésper...

Os caminhos, as trilhas, as flores, os fios das floras,

as vinhas... vinhais, oliveiras, seixos, neve e deserto.

Viridiana, Ana, Diana – a brilhante,

de certo, a escolhida dentre os heróis tombados.

Bela Dríade, guia-me nesta viagem!

O romeiro, um peregrino da nova Roma... ele só sabe do esplendor do aromamor.

A Lua gera súbito nova noite, as mil e uma giram rosemondes...

o inverno no verão, a primavera no outono, toda a Terra e todos os astros são visíveis.

Ela carrega as asas da eternidade...

Dos sopros das campinas ao sobrevôo São Paulo oração-imensidão...

_ Desça a Serra com leveza. Contemple as cascatas cantantes, os abismos de ventos e de sombras, os raios de luz, a Lua e o Sol iluminando a Serra. Nada tema, os santos lhe protegerão... as luzes dos Santos... de Santos, toque o meu mundo, o mar a mar...

As alturas e a glória dos reinos, e o vôo acima das paredes do medo.

_ Veja, romeiro! as Vestais virginais, o anjo da música e a estrela que treme de amor.

A jornada se vai... a noite sussurra, e a Lua é prata no mar só serenar.

Reza a lenda; são tantas lendas...

Os sonhos sozinhos não podem escrever.

Prof. Dr. Sílvio Medeiros

Campinas, é janeiro-verão de 2008.