Vontade danada

Hoje bateu uma vontade danada

De cantar alto embaixo do chuveiro

O Telegrama do Zeca Baleiro

De sentir-me bem, leve, desencanada.

Hoje bateu uma vontade danada

De remeter os problemas pro inferno

Vê-los partir tal qual grande manada

De escrever música no velho caderno.

Hoje bateu uma vontade danada

De pular, voar, brincar, dançar, correr

De abrir o corpo, alma profanada

Ciente de que um belo dia eu vou morrer.

Hoje bateu uma vontade danada

De deixar livre, solto o meu amor

Sem me lembrar que tanto é quase nada

E que a vida é efêmera como a dor.

Hoje bateu uma vontade danada

Declarar-me alto, claro e em bom som

Adoecer de amor, quedar desenganada

Sentir por dentro como te amar é bom.

Maria Paula Alvim
Enviado por Maria Paula Alvim em 23/01/2008
Código do texto: T829392
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