Sonho de Liberdade
Ah, como eu sou irritante
Até no meu leito de morte,
Feito um velho arrogante,
Ainda penso em sentimento, poesia
Mais uma madrugada,
Em que o sono insiste em não vir
Abre espaço para os pensamentos
Os mais utópicos que eu já vi!
Eu penso que poderia ser livre
Livre como aquela ave na janela
Para voar entre os mais altos montes
E contemplar este universo perfeito!
O sono vêm, que felicidade!
Levando também meus pensamentos,
Que continuam, agora com mais realidade
Nisso que chamam de sonho
Aos poucos tudo se tornava imagem
Primeiro a Lua que brilhava mais intensamente
O ar, o mais puro de todos
O mar, com águas limpas e transparentes
Eu me sentia voando sobre tudo aquilo
Minhas mãos agora eram asas
Minhas pernas, patas
E meus amigos eram aves!
Meu Deus, era tudo tão real!
Aquele cheiro de liberdade,
Aquela vista triunfal
Aqueles sons de bichos
Ah, aqueles sons...
Magnitude perfeita!
Aquela linda orquestra
A Orquestra Natureza
Mas tudo foi acabando aos poucos
Aquela linda vista sumiu,
Aquele cheiro suave, desapareceu
Aquela Orquestra desintegrou-se
Aos poucos foi tomando conta o cheiro de poluição
Sirenes, ambulâncias, dor
Sofrimento, choro, lamento
Aquela tristeza sem fim
Desde que me tornei homem
Eu nunca tinha chorado
Confrontei com o princípio de que homem não chora
E naquela noite, chorei!
Aquelas lágrimas que rolaram sorrateiramente
Decretaram o fim daquela ilusão
Daquele meu sonho
E o início daquela podre realidade
Ah! Mas como foi um sonho belo, inesquecível
Que não se apagará mesmo com essa minha idade
Daquele sonho, o mais lindo e real de todos
Foi um sonho de liberdade!