Flor do Oriente

Olhando ao redor, na sombra do silêncio das horas, me dei conta da chuva fria a espelhar na vidraça, que lembra as manhãs campestres...

As flores do agreste, que lembram você.

Você nesse seu jeito prolixo de andar,

Você nessa inocente malícia de cuidar,

Você em suas mãos calejadas, carinhosas... do lar.

Que traz em sua candura lábios cuja boca selvagem

É marajoara.

Olhos, tão belos olhos de raiz tropicais,

tênue cópia dos orientais.

Mulher, cuja doce alma inibe a felina, de levar um homem sólido a loucuras.

Não te maldigas pelas desventuras no amor, pois que a vida se renova em cada dor.E de certo, quem amaste nunca compreendeu o excesso da luz, da paz e do amor, que ilumina a tua cidade.

Ainda que não entendas, precisas desvencilhar a vaidade, dar vazão à juventude da idade sem escandalizar... de imediato alforriar esses cabelos castanhos escuros, soltá-los ao vento, deixá-los sombrear a face, escondendo os seios, a cada dia aos meus olhos mais atrevidos, como as ondas a procurar na praia, entre os rochedos o lugar na tarde para se mostrar.

Ah! Menina levada...

Menina da rua, menina sem maldade...

Não precisas de nada, pois em teu curso, és a prescrição perfeita da cobiça, do desejo desses meros mortais...

E porque não dizer, pecado proibido aos deuses da moral.

Alberto Amoêdo
Enviado por Alberto Amoêdo em 24/01/2008
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