Eterno testamento...

Pegue-me pela mão, mas não me leve ao altar.

Pecamos antes de enamorados

O sagrado não nos é de direito.

Anda, rasga minha alma já entardecida,

Corte-a em pedacinhos e a distribua pela cidade,

Envenene os miseráveis.

Corte minha carne crua e dura

Coma minha doença

Mas não morra assim desprovido da vida.

Adoeça aos poucos

Adoeça dançando um tango de Gardel,

Cause uma epidemia com o que de mim restou.

Não se entregue ao desespero

Seja o caos, a vertigem, o grito

Deixe-se morrer aos poucos.

Sinta doer,

Deixe que te rasguem, que te comam,

Faça com que adoeçam de ti.

Da mesma forma que hoje

Tu com a boca cheia de mim,

Adoece de todo amor que na terra deixo.

Rafaela Rezende
Enviado por Rafaela Rezende em 25/01/2008
Código do texto: T831923