VESTIMENTA
De terno e gravata
Me visto quase todo o tempo.
Obriga-me o ofício
A tamanho sacrifício.
A gravata que me laça,
Que me enfeita,
Me enforca, me ata.
Com camisa de colarinho
Engomado, apertado,
Me sinto esganado.
O paletó que me abraça,
Se me esquenta no frio,
No verão, de calor me mata.
Pra que o sapato que calço?
De cromo alemão!
Se me sinto melhor descalço,
De pé no chão.
Tenho meia de seda.
Coisa fina!
Mas prefiro a de algodão,
Daquelas que furam no dedão.
Pra me livrar da vestimenta
Não vejo outra solução.
Ou paro de trabalhar,
Ou mudo de profissão.
Como não posso parar
E em mudar nem penso,
Curto meu sofrimento,
Agreguei à vestimenta
Pasta, guarda-chuva e lenço.