VESTIMENTA

De terno e gravata

Me visto quase todo o tempo.

Obriga-me o ofício

A tamanho sacrifício.

A gravata que me laça,

Que me enfeita,

Me enforca, me ata.

Com camisa de colarinho

Engomado, apertado,

Me sinto esganado.

O paletó que me abraça,

Se me esquenta no frio,

No verão, de calor me mata.

Pra que o sapato que calço?

De cromo alemão!

Se me sinto melhor descalço,

De pé no chão.

Tenho meia de seda.

Coisa fina!

Mas prefiro a de algodão,

Daquelas que furam no dedão.

Pra me livrar da vestimenta

Não vejo outra solução.

Ou paro de trabalhar,

Ou mudo de profissão.

Como não posso parar

E em mudar nem penso,

Curto meu sofrimento,

Agreguei à vestimenta

Pasta, guarda-chuva e lenço.

Hegler Horta
Enviado por Hegler Horta em 10/12/2005
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