Noturno I

Nas mesas iluminadas dos bares

Mil risos se entrelaçam

Tecendo teias de hipocrisia

Com fios de alegres farsas.

No ar se misturam perfumes importados

Aos odores da fome e da miséria que exalam

As crianças maltrapilhas

Que tudo assiste da calçada.

Nos espelhos dourados e tintos

Dos copos de cristal muito fino,

São as crianças pobres,

Apenas reflexo imperceptível

Aos olhos ébrios de indiferença e vinho.

Cheios de orgulhos e gentilezas

Ali todos brindam

As conquistas que merecem,

Enquanto lá fora,

A realidade de pés-descalços se afasta,

Envergonhada de sua pobreza.

(Antonio Peres Pacheco)

Antonio P Pacheco
Enviado por Antonio P Pacheco em 28/01/2008
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