MEIA IDADE
Tem dias que recolho a roupa do varal
Dobro e guardo no cesto de palha trançada
Esperando a passadeira em sua vinda semanal
E enxergo a vida como que encerrada.
O que haveria a mais pra se fazer depois de tanto
Laborar e construir, criar, lutar e erigir?
Ainda mais quando a palavra, a emoção e o canto
Recriaram, reviveram, enfatizaram...o que há de vir?
Saber, de fato, tudo, nunca saberemos, é domínio
Dos deuses ou d’A Fonte de onde o mundo brota...
Poderia me voltar para o consumo, que é ao declínio
Uma usual resposta, mas não quero me portar como idiota.
Sigo, então, na vaga esperança de um amor
Mesmo sabendo sem juízo e interesseira a natureza em flor.