MEIA IDADE

Tem dias que recolho a roupa do varal

Dobro e guardo no cesto de palha trançada

Esperando a passadeira em sua vinda semanal

E enxergo a vida como que encerrada.

O que haveria a mais pra se fazer depois de tanto

Laborar e construir, criar, lutar e erigir?

Ainda mais quando a palavra, a emoção e o canto

Recriaram, reviveram, enfatizaram...o que há de vir?

Saber, de fato, tudo, nunca saberemos, é domínio

Dos deuses ou d’A Fonte de onde o mundo brota...

Poderia me voltar para o consumo, que é ao declínio

Uma usual resposta, mas não quero me portar como idiota.

Sigo, então, na vaga esperança de um amor

Mesmo sabendo sem juízo e interesseira a natureza em flor.

Nelson Oliveira
Enviado por Nelson Oliveira em 10/12/2005
Reeditado em 12/12/2005
Código do texto: T83758