UM TANTO DE MIM

Sou uma ovelha desgarrada

Que não entregou a cabeça ao cabresto.

Portanto e por enquanto

Não sou manobrável.

Sou do contra.

A grande maioria das vezes

Por consciência formada

Noutras, por pura cisma

Por isso esse meu nadar

Sempre contra a correnteza

Sempre contra essas correntes

Que aprisionam e dilaceram

Meu signo?

É o signo dos que seguem o próprio nariz

Dos que vão descalços, embora por caminhos ásperos

Sem perder oportunidades de serem felizes

Pressinto que tenho em mim

O espírito recôndito do mais arredio índio

E as coisas mais simples são as que me dobram

E é nesse caminho de simplicidade e verdade que vou indo

Um dia, estou em silencio de pedra

Noutro, em asa de borboleta

Em outro, em trabalho de formiga

Ou ainda, em mimetismo camaleônico

Essas táticas confundem o inimigo

E o meu inimigo, é o malfeitor que ofende a maioria.

Porque devo culpar a Deus pelo irmão sem pão

Se sei que ele é vítima da ganância de um igual?

Meu poema pode parecer pobre

Mas me resolve, me acalma, me ilumina

E me faz ver, que o que tenho tem beleza

Mesmo escapando de métricas e rimas

Sei que cada um a seu modo, procura o seu céu

Para mim, a beleza dos campos alagados

De Campo Maior, com seus carnaubais,

Vale mais do que a torre Eiffel.