Euslavados

À sombra dos parreirais

Encontraram-se vários eus

A fim de convencionar

Quem mandava mais.

O Eu Pavão se apresentou

E seu rabo radioso abriu

Dizendo ser o maioral.

O Eu Jaburu se escondeu,

Pra demonstrar timidez,

Rindo de seu pé lindo.

Aí veio o Eu da vez,

Mostrou sua inteligência,

Exigindo cega obediência.

Mas, lhe perguntaram:

Quem és tu, lerda criatura,

Pra querer impor respeito?

Sou aquele que rima,

Escolhe os ditados

E o efeito causado.

Meu nome é Eu Virtual.

Como ninguém jamais vira

Ego de tamanho igual

Calaram-se a esperar

O Eu Sensatez falar.

Este chegou e calmamente

Falou: todos podem reinar

Em pequenos bocados

Sem que a ninguém seja dado

Ao Eu Amoroso superar,

Pois é o de maior predicado.

E assim, sob os parreirais,

Ficou convencionado

Que seria obedecido

Unicamente ao eu do amor.

Terminada a cerimônia

Foram tomar gardenal,

Antes que ao plantão chegasse

O rancoroso doutor do mal.

Eus lavados, afinal.

meriam lazaro
Enviado por meriam lazaro em 07/02/2008
Reeditado em 05/03/2010
Código do texto: T849383
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