Noite úmida
Noite úmida
Às vezes se enfraquece, o instante.
Num raio de voz que surge ao te ver.
Desperto uma fuga em nau delirante,
no fim destas noites vou sempre morrer.
Jaz em meu peito teu nome cravado,
com letras profundas, pois não estás.
Não julgo teu passo desordenado,
condeno teu medo a me condenar.
Criei a descrença, na veracidade,
dos amores que nascem para morrer.
Seus corpos estirados pela cidade,
escombros escuros há mais a se ver.
A chuva umedece as ruas e rostos,
a noite está quente, lembra teu cheiro.
Bebo outro gole, i’nda sinto teu gosto,
na chuva, no vinho, no meu desespero.