ALMA DE CRIANÇA

De todas as coisas que já vi,

de tudo que eu encontrei,

das belezas infindas deste mundo

ou de todos os sonhos,

Não há nada mais belo que

a alma de uma criança.

É a essência da alma humana

sem pudor, sem censura,

sem rancor, sem a malícia e a ganância

que aprendemos ao crescer.

Eu sou poeta porque minha alma ainda é criança.

Eu sou poeta porque fujo o comum e

encontro razão na loucura.

Mas o que é a loucura, se não um mundo de criança?

Lá o belo é possível, e a pureza existe

sem medo e sem culpa.

Às vezes sinto que sou um paradoxo

entre o podre natural e o não querer ser

Eu sou a indignação,

o grito,

o protesto.

Eu sou a presa que morre

olhando fundo os olhos do predador

Mas o que posso eu fazer

se tudo em minha volta

impõe regras que não quero seguir,

coisas que não quero ver e

ser o que não quero ser?

Eu só quero ser criança,

ou louco se quiserem.

Eu quero o riso verdadeiro,

o choro verdadeiro.

Eu quero a ciranda e a cirandinha.

Eu quero o pecado sem malícia.

Eu quero a brisa voando sonhos.

Aqui, nasce uma criança.

Mais uma gota límpida e jocosa

em meio ao mar turbulento e

de torrente impiedosa.

Talvez deságue em águas calmas,

onde o mar espelha o céu e

a beleza é absoluta.

Ou talvez em meio ao turbilhão.

Mas está nascendo uma criança.

Eu sou a presa que morre

olhando fundo os olhos do predador.

Eu sou a indignação,

o grito,

o protesto.

Eu sou poeta porque minha alma ainda é criança.