PASSAGENS
PASSAGENS - Garcia Chaves
Acolhida
Tenham, minhas letras, acolhida
no halo do teu universo, teu coração.
Por certo, sossego encontrarei;
tristeza tanta, já não mais terei.
Nada, além disso, te peço:
Um afago, um carinho, um mimo só.
Será, deveras, suficiente
para a alma ferida deste poeta.
Diana 03/01/08 - 03:15 hs
Te lembrarei Diana
em todas as estações.
Quando o silencio for sonho
e todo sonho esperança.
Lembrarei teu semblante
no limite entre mar e o céu,
nas águas dos alguidares,
e das que vem das nascentes.
Sentirei teu perfume, Diana
nas flores cultivadas
nos canteiros do meu imo.
Quando a cidade se agitar
em alaridos de carnaval
será nos brilhos das fantasias
que te recordarei, Diana.
Cadê você, cadê? - 05/01/08 - 01:12 hs
Há curvas demais nos caminhos,
vozes flutuando distantes
vindas de outros labirintos.
Cadê teu afetuoso olhar, cadê?
tão fartos de ingenuidade luz e calor
onde o sol se abastece
e as aves se sustentam.
Onde estás ó, esperança confundida,
com teu gosto de frutas nobres?
Voz que canta elevada
emoldurando meu viver.
Onde foi que não te achei?
Nos confusos sonhos meus,
nas sombras dos laranjais
ou nas armadilhas da vida
Amor infindo - 05/01/08 - 02:00 hs
Não cessará amor
enquanto meu olhar repousar
na lua branca do dia,
na casa de todos os ventos,
nas noites de ondas e luar.
Enquanto voltarem os saveiros
abarrotados de tesouros
trazidos do alto mar.
Enquanto os violeiros
tocarem modas de viola
cantando com alma em brasa
baladas que falem de afeição.
Não cessará o meu amor
enquanto meu sorriso tiver
o brilho de uma gardênia
e a vida seguir meus passos.
Cicatrizes - 07/01/08 - 03:45 hs
Em meu rosto cicatrizes,
herança do que passei.
A vida hoje é síntese
de tudo que ontem fui.
A calmaria de agora
não reflete as agruras
nem as tormentas vividas
nos oceanos de outrora.
O tempo não sepultou
as folhas mortas caídas
da árvore frondosa que fui
Ainda sou ramo florido
sou máscara sorrindo
sol intenso reluzindo
vivendo a perspectiva
do meu amor por você.
Dona do meu amor - 09/01/08 - 03:17 hs
Lua encantada no céu,
a explosão do ocaso,
o vento que canta além,
árvores que se agitam,
folhas que caem,
pássaros em rebuliço,
um bêbado cambaleante.
A vida não para.
Só eu estou triste
porque ela não vem
a dona meu amor
Deusa - 15/01/08 - 03:45 hs
Nasci bem longe, muito longe
e tenho impresso na mente.
notícias daqueles verdes,
recados das mesmas flores.
Arrasto perenes bálsamos,
exibo palcos de júbilo,
traço roteiros ansiado,
vivo rodeado de lembranças,
Mas retenho nas retinas,
a face sagrada e pura
da minha deusa da lua.
Expectativa - 15/01/08 - 04:52 hs
Vivo a perspectiva
do último dia de mim.
Amo com efervescência
porque o amor é vento
que arremessa minha nau.
Sou marinheiro fustigado
sem temor a tempestades
ou de morrer afogado
sob os enigmas do mar.
Quando meu dia chegar,
est’alma enternecida
vai descansar sob ondas
no espelho de algum lugar
onde reflita com exatidão,
o teu semblante, meu amor.
Esquecer-te, jamais - 17/01/08 - 00:45 hs
Hei de lembrar de ti
mesmo em outros cenários.
Quando a revoada passar
e o barulho no céu se propagar,
vou reconhecer teu vestígio
em cada folha que cair,
no choro de alguma criança,
nas chuvas de todo verão.
Hei de lembrar tuas mãos
como velas de barco a deslizar
como flocos de neve caindo,
como sol que vem surgindo.
Quando meus olhos opacos
o mundo não mais divisar,
hei de ti recordar
como se fosses o meu amor.