MORTAL
Tudo era pálido...
Não havia ribalta;
Não havia aplausos,
Não havia notícias, rótulos ou capitais.
Tudo era sonho e o coração, episódio de uma idéia banal.
Tudo era fantasia...
Uma alegria, que nascia com precedência na luz de um sorriso.
Era criança, natural.
Era pierrô num imenso carnaval.
A paz em qualquer tempo...
Uma vida que existia harmonizada sob um acorde de um silêncio brutal.Assim estava estabelecido o que muitas das vezes chamamos de paraíso divinal.
Quando em oculto a sombra do homem procurou o corpo e
Sentiu a solidão...
Sentiu poupar-lhe as mãos o veio profundo de desejo...
Refugio profano, pecado, se houver só o prazer;
Refugio sagrado, amadoa, se houver o amor.
Fez-se em noite o mundo, bebeu-se por um segundo o prazer
Abusando intensamente do gemido e na concuspiciência da alma me lambuzei, me perdi...
Me apaixonei,
Me apaixonei...
Ah!...Como eu quis amar e não amei!...
Tornei-me Narciso.
Ficando depois Orfeu...
Acabei por viver Silvia,
Acabei por merecer France...
Mas casei-me com,Lúcia,
Enamorei Eliane...
Sonhando com Ilvia... conhecendo Letícia e sofrendo eternamente por Iza.
Me envolvi com inúmeras mulheres;
Menti,
Enganei-me,
Enganei...
Me vi, mas não me venci e por inúmeras vezes fugi da dor.
O meu bem...
O meu mal... foi você...fui eu.
Pobre de mim jamais pude ter o amor.
Diante do espelho, diante de tantos erros.
Me vi imundo, porém se quer lagrimei...
Abandonei as flores,
Larguei de mão o jardim.
Parti para um fim.
Em cárcere privado renasço em cada escuridão, entre a tarde e começo da noite,mesmo morrendo, escrevo-te poesia em som de melodia.
Quando amanhece, sobretudo, sob a alcunha da aurora, sinto a minha miséria de vida sem hora balbuciar o arbítrio de tantas vezes Seguida abusar de minhas pretensões.
Sou rei com funeral entristecido,
Sou homem comum,
Sem perdão num tempo esmaecido.
Estou entre os muros,
Lendo a minha direita um punhal,
Viciosamente observando o meu coração sangrar, pulsar a paixão Incontaveis vezes...
Insipido, ainda vivo na eternidade vazia,
Na extremidade da alma em agonia,
Pela incapacidade de amar uma mulher só uma vez.