PROESIA
Este poema
não nasce do acaso.
Veio do vento.
Veia do intento.
É um poema simples, até sorri
de si e de sua "transinspiração".
É calmo. Alvo. Solidário.
Jamais solitário: nós o reconstruímos
do pó. Do nada. De algo mais.
Simples e preciso, puro como uma criança impura.
Aliás, é de pureza que ele cala.
Ou melhor: exala.
A pureza, por exemplo, da nuvem suspensa
no azul infindo.
O poema, também, é santo e alegre, como este sábado
à tarde (meu filho adolescente pedalando por aí, nas ruas;
eu em casa, tremendo...)
Separado. Claro. Pleno.
Como saberás, leitor(a), se o poema quer dizer algo?
Branca página entre negras letras, sem fundo amarelo ou vermelho.
O poema, claro, tem a cara de outro poema e beija a face dos homens.
Todavia, é meu, é teu, é vosso - água cristalina
em impetuosa torrente. Ar genuíno de montanhas e bosques.
Fina fissura estetizada.
Não declara o óbvio, o poema. Não diz "silêncio".
Apenas sussurra: leve alegria
da palavra poesia.
Elias Paz e Silva
09/10/2004