...À BEIRA DAS FALÉSIAS (2)

POBRE CORAÇÃO

Estou confusa...

Um sentimento intruso,

ao qual me recuso, está dentro de mim.

Algo profano está me tomando

e, aos poucos, transformando-me.

Minha consciência diz

que peco,

mas, pia, ela eu nego.

O erro e o vício caem juntos no

precipício.

Eu e esse sentimento caímos juntos na

perdição.

Confesso minha indecisão,

aonde está minha fé?

Que mal será esse que

em mim cresce?

Vejo-me em trevas...

Aonde está a luz?

Posso ser culpada,

mas não sei mais o que me conduz.

Estou confusa...

Finjo que não.

Minha dor expulsa um sentimento

à contra-mão.

Pobre coração!

Amo a sombra de uma incerteza

que destrói com clareza

o resto de minha vida.

ELA E O MAL

Ela estava quietinha em seu lugar,

quando o mal veio lhe incomodar.

Ela, tão ingênua, o acolheu,

Pobrezinha... nos braços do mal ela

sofreu.

O mal arrancou o seu sorriso,

apagou o brilho da sua vida

e destruiu a sua beleza.

Tudo nela ficou escuro,

sem cor, sem vida.

O mal envenenou

o seu sangue e

poluiu os seus pulmões.

Ela ficou tão fraca que ninguém podia

ajudá-la.

Tudo o que nela havia morreu,

ela se tornou um deserto sem

nenhum sentimento,

ela ficou vazia, e o mal soberano

sobre ela sorria...

De tanto desgosto e tristeza,

ela morreu...

Ela foi mais uma vítima do homem

que nela viveu.

DISFARCE

Por que estou fugindo?

Não acredito que me deixei

enganar por inúmeras mentiras

suas, e, agora, eu tenho

de fugir?

Irei lhe encarar com coragem

e lhe enfrentar.

O seu desprezo não me enganará

outra vez.

Seus sentimentos são sombras

refletidas no nada.

No seu mundo do faz-de-conta

eu é que irei tomar conta.

Vim até você

e acho que lhe chamei em vão.

Não existe fé no seu coração?

Eu lhe disse que isso não duraria,

se você me amasse não

usaria esse disfarce.

Veja quem eu sou e não quem

você quer que eu seja.

Você pode, agora, me fazer

chorar,

mas não fará a minha vida

acabar.

Irei conversar com um

amigo, e a ele narrarei o que

tenho vivido.

Seus beijos

serão esquecidos,

mas a recordação do sofrimento

estará comigo.

Como pude ser tão ingênua,

deixando você atuar nessa

cena?!

Seus olhos azuis foram temas

das músicas que

compus...

Já que eu descobri quem

você é, seus olhos só serão a

perdição para garotas sem

visão.

Estou liberta de tudo isso,

e isto não é nenhuma surpresa.

Você está acostumado a

magoar os corações e os

tratar com frieza.

ELAINE BORGHI

primavera de 2005