Virtualismo.

Namoro os teus olhos na fotografia

E tu talvez nem dês contas do meu silêncio.

Contorno os teus lábios com a língua a passear nos meus

E imagino o sabor dos teus – frutas silvestres.

Deito minha cabeça em teu peito que sinto macio,

Ouso imaginar tuas mãos a arrepiarem o meu corpo.

Na quietude do sonho de uma alma concebo o teu nome,

Tu nem sabes que te espreito a distância com saudades.

Se há perfeição sei que ela tem o teu cheiro,

O teu jeito de andar e falar de coisas não tão importantes.

Desenho tuas medidas no encaixe aos meus pedidos

E deliro solitária a paixão que não desconfias.

Sofro tua ausência e choro orquídeas sem cores

No desenrolar de um dia natimorto a implorar que venhas.

Violas sem querer meus segredos, desdobras minhas manias,

E eu, que apenas te aguardo um dia, fabrico versos.

Versos com os teus olhos, tristes amêndoas,

A me sorrirem na fotografia – que tu não sabes que tenho.

Estariam eles preparados para o encontro com os meus?

Ilusionista dos meus devaneios eu sorrio. Tu virás (bem sei).

A realidade tem o perfume do sonho!

Eliane Alcântara.

Eliane Alcântara
Enviado por Eliane Alcântara em 16/02/2008
Reeditado em 30/07/2008
Código do texto: T862088
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