Houve um tempo...

Euna Britto de Oliveira

A fruta de formato fálico

Lembra-me a força de muitos:

A penca de homens da aldeia,

E dos que estão na cadeia

E ainda não sabem o que fazer

Sem a virilha da família...

Lá dentro, vão recuperá-los para a sociedade

E exonerá-los da liberdade

Que nem demorou a não ser...

Que as tentações não adivinhem

O dia em que minha força estiver menor.

Graça de estado e estado de graça,

Conheço os dois.

Descrença, também, e cangaço.

Decência, vintém e sargaço.

A graça que passa e não volta.

O grande rio sem volta.

A paz, o pus e a revolta.

A rica família de Assis,

O capuz dos franciscanos,

Os bárbaros sarracenos

E centenas de bens terrenos...

—“A senhora acredita que houve um tempo

Em que tive de fazer calcinha com molambo de coberta velha?

E quando as coisas arruinavam,

O que eu fazia era xingar e chorar.”

Conheci Dona Almezina depois de sua conversão.

É como conhecer um frasco da essência de Deus...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 17/02/2008
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