DEZEMBRO

Caio embaixo da tarde e apinho-me ao movimento

não-cotejado pelas ruas na diversidades de palavras soltas

raiadas de corpos rumo à festa pagã

dos milhares de deuses comerciais

que cumprem a tarefa de retalhar

a dicotomia ao lado do menino velho

que se esteira na manjedoura de gesso

e que transforma a parte do mundo

em que me encontro (todo ele)

em alucinantes luzes pequenas,

colmeias alastradas em galhos,

exibidas como o troféu que conceitua a todos

em existir qual igualdade de propósitos

na diferença apenas do que foi para cada um

o ano de que mais nada se espera

posto ser estertor do aglomerado de fatos

já esquecidos, já bem guardados

nestas sacolas plásticas das conquistas

dos modernos navegadores da circunvolução

que buscam a amplidão da existência,

nem que sejam limites o guinar

até a costa do fim do ano

e que em apenas um dia se comemora

não sei se término, início ou recomeço.

Sei tão somente que após isso,

a terra firme voltará a ser polvilho de areia.

2005

SÍTIO DE POESIA

alfredorossetti.com