Astrosnautas
Subiram às estrelas
Os homens luz
Sentados em seus foguetes supersônicos
Degustavam
Pílulas
De carne amido cebola e alho
Enlouqueceram
Fitando do espaço
Tamanha insignificância terrestre
Quebraram
Seus relógios
Parados no vácuo espacial
Retornaram
À Terra
Após sessenta e seis dias em órbita
Seus planos
Minuciosamente
Planejados durante a universidade
Perderam
Todo o sentido
O nexo foi evacuado com as fezes
Mataram
Seus filhos
E arrancaram os seios de suas mulheres
Foram
Internados
Em institutos de recuperação mental
Jazeram
Pensamentos
Em alta velocidade
Esqueceram
De toda
Metafísica
Adornaram
Seus rostos
Com cortes acima do supercílio
Mergulharam
No próprio sangue
Trancados em seus quartos escuros
Dormiram pela latrina
Almoçaram baratas e besouros
Esqueceram as fórmulas das equações
Balançaram seus corpos magros
Olhando fixamente ao chão
Na esperança do póstumo retorno
Gritaram
Histéricos e nus
Clamando à demência o golpe final
Foram castrados
Por terem estuprado
Uns aos outros em berros e urina
Foram condecorados
Simbolicamente
Pelo presidente e pela primeira dama
Saíram
Nas capas
Das principais revistas de ciência
Por haverem
Subido aos céus
Mas agora estão sentados
À direita
Da loucura
Propriamente dita
Perderam
A idéia de tempo e espaço
Leram suas reportagens no New York Times e Times Magazine
Amarraram seus lençóis
Uns nos outros
Subiram em suas camas
Contaram até três
Viraram mártires no dia seguinte