LOUVAÇÃO
Bendigo todas as horas,
bendigo todos os momentos
em que juntos estivemos
lado a lodo esquecidos,
de que a vida prosseguia
em sua corrida, empós,
independente de nós,
acordados, adormecidos.
Ali, na penumbra do quarto
transbordante de paixões,
nossos dedos percorriam
um teclado imaginário,
onde o corpo era o rosário
que desfiávamos sem pressa
entronizando orações,
sentindo cada carícia,
tocando cada promessa.
Não havia castidade
nem falso pudores, impuros.
Eramos nós mesmos sem máscaras,
expostos ao vento e à borrasca,
vencendo todos os medos,
sem mistérios, sem segredos...
apenas vivendo o presente:
sem passado, sem futuro.