O ano que eu esqueci...

O ano que eu esqueci...

Sandra Ravanini

Negra noite do açoite que em mim ora rilha;

inda sou uma criança olhando a estrela velha

que de tão sábia, distancia-se desta ego-ilha,

enquanto o escuro golpeia o fecho da janela.

Brilha, brilha vaga-lume, há pingente, a parede,

vaga o lume nas andanças da minha ilha amarela

tão perdida no açoite bebe a noite e a negra sede

fecha os olhos da estrela praquela criança velha.

A janela articula o óxido nesta perdida ilha,

o rangido enferrujado da parede sábia e velha

distancia-se daquele vaga-lume orando na fila

de estrelas e pingentes, emparedados na capela.

Noite, noite bela, vagam os lumens no meu cais,

inda sou uma criança naufragando na caravela,

olhando o fecho da janela que já não abre mais,

açoitando as mãos na corda duma golpeada cela.

25/01/2008