PRIMEIRO ENCONTRO COM O ANTÓFAGO
Morreram as sílfides numa tarde de verão,
morreram gnomos,
gigantescas tarântulas,
fadas e bruxas,
sapos e rãs.
Morreu Ofélia coroada de flores,
morreu Cristo de espinhos coroado,
morreu a luz nos olhos da infância,
morreu o beijo na boca enrijecida,
morreu o gesto na mancha branca do lençol
e
num adeus
morreram os pés que se perderam.
Morreu o sereno
e o lago noturno está calmo,
sem ondulações
- meu calmo
impossível
impassível
lago inclinado que não escorre -
parece feito de gelo,
um gelo azulado e mole.
E o descobri entre verbenas e orquídeas,
entre gerânios e margaridas,
entre hortênsias e girassóis,
entre violetas.
Descobri o Antófago quando brilhou o primeiro raio de sol da manhã segunda,
cercado por flores e borboletas de aquarela:
COMIA UMA FLOR DE CACTO.