SACRIFICADOS

Deus,

o sangue que jorrou do teu cordeiro

entupiu a boca dos homens

e os ouvidos dos homens

e as narinas dos homens

e os olhos dos homens.

Deus,

nada existe?

Tudo é isto:

um punhado de carne entupida pelo sangue pegajoso

que jorrou do teu cordeiro?

Deus,

por que não vens sempre

vestido de gotinhas d'água?

Hoje vieste desfilando sangue, sangue dos homens.

Sangue do teu cordeiro, Deus!

Sangue que não lava mais

nem purifica:

entope e emplasta e adere

e me provoca

e não cria

e mata!

Rubens Faria Gonçalves
Enviado por Rubens Faria Gonçalves em 17/12/2005
Reeditado em 25/02/2006
Código do texto: T87322