REVELAÇÃO
Sento-me sobre um dos calcanhares descalços.
Tomo teu queixo na mão direita.
Ergo num vago receio tua face:
encontro
um par de olhos que me olham
assustados.
Nada falamos.
Nem eu o digo.
Nem o dizes tu.
Ainda tudo apenas lateja
enquanto os ruídos dos outros ficaram ao longe.
Neste silêncio nosso
há músicas sobrenaturais.
Na aparente inércia
brota um pulsar que se condensa
pouco
a
pouco
num crescendo que há de varar o tempo e o espaço.