REVELAÇÃO

Sento-me sobre um dos calcanhares descalços.

Tomo teu queixo na mão direita.

Ergo num vago receio tua face:

encontro

um par de olhos que me olham

assustados.

Nada falamos.

Nem eu o digo.

Nem o dizes tu.

Ainda tudo apenas lateja

enquanto os ruídos dos outros ficaram ao longe.

Neste silêncio nosso

há músicas sobrenaturais.

Na aparente inércia

brota um pulsar que se condensa

pouco

a

pouco

num crescendo que há de varar o tempo e o espaço.

Rubens Faria Gonçalves
Enviado por Rubens Faria Gonçalves em 17/12/2005
Reeditado em 17/12/2005
Código do texto: T87345