A ÚLTIMA MADALHENA

- poema para as Madalhenas -

Madalhena, meretriz,

pediu para não mostrar o xis

do problema,

pediu para não revelar o nó

da questão.

Se ela é puta ou não, se aputa não!

Seu nome, Madalhena, é de verdade

sem farsa da identidade,

mulher de rua e de casa, descansada,

disfarça os olhos moídos.

Madalhena, meretriz,

falou pública ao jornal o numero

do seu telefone,

falou reservada a raros clientes

o seu sobrenome.

Se foi puta ou não... Não importa!

Criou-se na vida contando histórias

sem anotar memórias

Criou mulheres impagáveis e taças

em digitais de cristal...

Madalhena, meretriz,

sonolenta em fronhas de aranha

fala tecendo a teia,

a grande avarenta dos sonhos

deita sobre pedras.

Se é puta ou não... Tanto faz!...

Acordará sem o desjejum do dia

no passeio da calçada,

e ainda olhará para trás quando a chamarem

de Zuleide: a meretriz da Lapa!