Girassóis

Euna Britto de Oliveira

Não sei se é pensamento mágico

Ou se é mula-sem-cabeça mesmo,

O certo é que eles disseram que viram,

Ouviram um urro estranho,

E era mula-sem-cabeça...

História que ouvi hoje, no campo,

De um casal de poucos estudos, sim, mas idôneo.

Mula-sem-cabeça,

Lobisomem,

Discos voadores...

De minha parte, nunca vi

Nem quero ver esses tais.

Prefiro ver os girassóis!...

Final do mês de fevereiro,

Não sei se é tempo de plantar girassóis,

Mas sei que é sempre tempo de semear alguma coisa...

Com as chuvas, a terra pede sementes.

Senti o desejo da terra

E comprei sementes.

Sempre gostei de plantar.

Vejo que continuo a mesma.

Comprei sementes de girassóis

Que se vendem como ração para pássaros

E me asseguraram que nascem.

A vontade de plantar era tamanha

Que, mesmo debaixo de chuva,

Saí a semear...

Aleatoriamente, lancei sementes perto da casa,

Nos pedaços de chão disponíveis.

Não as coloquei em covas, onde estariam protegidas.

Era hora de partir

E tive de agilizar.

Simplesmente, lancei-as a mancheias...

Do jeito que os pássaros adoram sementes de girassol,

Certamente virão catar as que lancei ...

Mas não é possível que os pássaros encontrem todas!...

Algumas estarão escondidas

Debaixo de algum matinho...

Hão de restar e germinar!

Sempre fica alguma.

Já terá valido a pena semear

Se nascer ao menos um girassol!

Não espero uma lavoura amarela e imensa,

Como as que se mostram nos filmes...

E se um girassol nascer,

Já sei a quem vou oferecer!

É para ele,

Que, do céu, junto de Deus,

Está me vendo semear...

É a lembrança de sua vida que me anima a continuar a plantar...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 25/02/2008
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