“Sobre a (in) certeza (ante) Humana”

Ter certeza do sim é arriscar um não.

É gerir preocupação quando a ausência desta era notável.

É pisar no escuro. É confiar na folhagem do chão...

É pensar que o mundo gira correto

Quando o movimento na verdade é a contramão.

É confiar na maquilagem que o espelho esconde

Quando o ar sem luz invade o vidro.

É ver o mundo com meus olhos, nítido!

Quando meu vidro não está nos olhos. Sinto

Que é confiar que as asas de cera chegarão ao céu

E descobrir que o mar é mais feroz e que nem sempre é doce o mel.

É pensar que se é, e descobrir-se em contradição

Quando alguém afirma: “eu sou!” e se descobre em mutação...

É como afinar a viola e descobrir que o tom da canção é outro

É como afirmar que na vida sabe tudo e ter que enfrentar o que é novo...

Ter certeza do sim é instigar um não intrínseco no desejo de incidir,

É como acreditar que terminou de ler na vida um texto que nunca terá fim...

É reencarnar na suprema duvida humana,

E duvidar, duvidar, duvidar...

Ter certeza é tão eficaz quanto ler Ulisses ouvindo nirvana,

E chegar ao nirvana sem cuidar do espírito.