Um estranho

Eu conheço um estranho com retrato no meu quarto

Eu conheço um estranho com retrato no meu quarto

E,como eu não me conheço,estranho devo ser de fato

Desde a hora em q ele acorda,me recolho ao meu canto

As pessoas denunciam a presença de um estranho

Eu porém não me encontro e nem por isso me acanho

Ele abate as próprias asas,sorri de máscara pro humor

De nudez tão esquisita,veste as vestes de um ator

Quase inconveniente,deslocado semitom

Numa paz entorpecente,rasga as rimas com pavor

Esse estranho com retrato no meu quarto

Possui rosto indefinido e o seu passo é inexato

Reconhecem nele o crime de ter fala defasada

E a sentença é ter presença de uma sombra amputada

Se é ambíguo ou indiferente,ninguém sabe opinar

Se é ativo ou dormente,para rir,para chorar

Esse estranho com retrato no meu quarto

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Eu conheço um estranho com retrato no meu quarto

Eu conheço um estranho com retrato no meu quarto

E,como eu não me conheço,estranho devo ser de fato

Não é estranho que não saibam,pois nunca estive aqui de fato.

Rodrigo Fróes
Enviado por Rodrigo Fróes em 19/12/2005
Reeditado em 03/04/2006
Código do texto: T88298