DE CARONA COM BILAC

DE CARONA COM BILAC

Remorso

Às vezes, uma dor me desespera...

Nestas ânsias e dúvidas em que ando.

Cismo e padeço, neste outono, quando

Calculo o que perdi na primavera.

Versos e amores sufoquei calando,

Sem os gozar numa explosão sincera...

Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera

Mais viver, mais penar e amar cantando!

Sinto o que desperdicei na juventude;

Choro, neste começo de velhice,

Mártir da hipocrisia ou da virtude,

Os beijos que não tive por tolice,

Por timidez o que sofrer não pude,

E por pudor os versos que não disse!

OLAVO BILAC

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CONSOLO

Oh! Hora triste

Que vem julgar...

O dedo em riste.

A conciência

Insiste.

Sem paciência,

Fala.

Diz

O que eu também quis

E que não fiz.

Embora,

Agora,

Tenha a me consolar

O soneto de Bilac,

Que acabei de ler.

Pude, nele entender

E perceber,

Que nem o mestre da poesia,

Pode fazer

Tudo aquilo que queria.

José Romeu

José Romeu
Enviado por José Romeu em 05/03/2008
Reeditado em 11/12/2013
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