Esperas mudam a gente e o tempo...

Euna Britto de Oliveira

Esperar é ruim, que dói!...

Quem gosta de esperar?

Ainda mais quando passa da hora marcada de chegar!...

Pior ainda se nunca chega!

Não sei quantos hormônios as esperas desencadeiam...

Mudam a química da gente,

Transformam as horas em séculos.

Estou falando de esperas de coisas boas.

Porque esperar coisa ruim,

A gente quer é que nunca chegue, mesmo!

Torce pra não chegar!

Espera-se que se perpetue

Ou se eternize o bloqueio.

Estou em cima do muro.

Será que devo querer?

Será que não devo querer

Que chegue quem eu espero?

Só Deus sabe o que é realmente bom para cada um de nós.

Meu coração balança como o pêndulo dos mil relógios

Dos colégios, dos conventos, dos navios,

Das casas, palácios e castelos...

Enquanto ele balança,

Faço uma trança com palavras,

E escrevo a sorte de escravas

Que primeiro morreram e só depois viveram.

Vieram os nômades e armaram tendas perto do deserto,

Do lado de fora do mar,

Numa estreita faixa de terra

Entre a consciência e o inacessível pensar...

Posso querer que me paguem

Com outro ouro de tolo

As horas perdidas na vida

Que somei, fitando ponteiros...

Em relógios analógicos ou digitais,

Suíços, brasileiros ou paraguaios,

Todos mentindo pra mim,

Chamando séculos de minutos...

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 07/03/2008
Código do texto: T891610