Um Dragão

Ontem vi um dragão a esconder seu rosto nas areias da vergonha

Sem face, parecia um moribundo, apesar de toda a chama que engolia naquele torpor.

Caminhei o fim da calçada, intensamente urbano, negligenciando o seu mendigar,

Coisa que, lá no fundo em combustão,

Era seu desejo.

Olhando ao redor, enxergo as pessoas e me pergunto

Se todos não somos dragões

Sabotados

Escondidos

A nadar em direção à praia

Na entrega ao oxigênio homicida/suicida

Mas sei que também podemos ser casulos pingentes de grilhões,

Fazendo nascer suas cores pela via-crúcis da inibição

Para a qual rastejamos,cilíndricos,

Num pequeno ícone de siginificância existencial

É aí que se pontua a proposta.

O talento se promove a promessa.

Rodrigo Fróes
Enviado por Rodrigo Fróes em 22/12/2005
Reeditado em 28/03/2014
Código do texto: T89211
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