Um Dragão
Ontem vi um dragão a esconder seu rosto nas areias da vergonha
Sem face, parecia um moribundo, apesar de toda a chama que engolia naquele torpor.
Caminhei o fim da calçada, intensamente urbano, negligenciando o seu mendigar,
Coisa que, lá no fundo em combustão,
Era seu desejo.
Olhando ao redor, enxergo as pessoas e me pergunto
Se todos não somos dragões
Sabotados
Escondidos
A nadar em direção à praia
Na entrega ao oxigênio homicida/suicida
Mas sei que também podemos ser casulos pingentes de grilhões,
Fazendo nascer suas cores pela via-crúcis da inibição
Para a qual rastejamos,cilíndricos,
Num pequeno ícone de siginificância existencial
É aí que se pontua a proposta.
O talento se promove a promessa.